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18/12/2015

CORINTHIANS, CAMPEÃO DE 1990. (16/12/1990). Se não conseguir abrir o link, copie e cole no Google. https://www.blogger.com/blog/post/edit/preview/263833792513589752/1452450319310127270

Queridos amigos. 

Vou-lhes contar um fato sobre esse time.
Eu matara a tarde no meu trabalho, somente por ir assistir ao treino do Timão e também tirar algumas fotos e autografar o manto sagrado e branco para a minha afilhada de apenas três aninhos de idade.

 Era terça-feira, 11 de dezembro de 1990, 15.30h. O grande Vicente Matheus dava entrevista para uma rede de tevê no jardim do Parque São Jorge. O craque Neto chegava com uma jaqueta de couro bege.

— Que é? Que você quer? Falou o craque Neto.

— Neto, por favor, tira uma foto comigo.

— Pra quê?

— Pra eu dar pra minha afilhada de três aninhos de idade, Bebel, e ela guardar pra história, respondi.

— Então, tá bom, porque se fosse pra você eu não tirava, não!
 respondeu. E tiramos a foto.

— Só isso que você quer?

— Fiquei meio sem graça. Perto dos ídolos, sempre ficamos sem graça. 
E ele:

— Aproveita, pô!  Tô brincando.

Ao que relaxei.

— Então, me dá um abraço. E ganhei um abraço e um tapa meio forte nas costas.

— O assistente administrativo do Timão, que me acompanhava, falou:
— Neto, a camisa está chegando, depois você autografa pra ele, por favor?.

— Tá bom! 

Mas depois, olhou pra mim e disse:
— Você ainda quer isso, também!?

Apenas sorri.

— Agora vou trocar de roupa e vou pro treino. E seguiu.

— Imediatamente, aproximou-se Ronaldo, colocou a mão esquerda no meu ombro e disse, sorrindo:

— E eu, não quer foto comigo, não!? Neto é mascarado (brincou).
Abracei-o na cintura (só tenho 1.70 m). E tiramos três fotos, com minha velha Kodak de flash cubo de gelo e filme com vinte e quatro poses.

Treino em andamento. Eu os admirava, silente, pensativo. Que galera humilde! Unida! Vão ser campeões!

Ao final do treino, acreditem: todos de camisa na mão, suados, cansados, abraçavam-se e sorriam, ora uns para os outros, ora para quem mais estivesse ali, já na passagem pelo portão do alambrado, e entraram no velho vestiário, onde havia alguns chuveiros precários e uma velha mesa de madeira bem no meio do ambiente.
Entrei junto e fiquei ali, num canto, curioso, pra ver como os ídolos se comportam. Logo pensei em quando eu fazia igual após os treinos dos meus velhos Mengão, e Dois de Julho, da minha amada cidade natal: Ruy Barbosa, Bahia. O esporte educa e socializa, mas o futebol, por efervescer a nossa maior paixão, coloca-nos no etéreo da lembrança. Até podemos contar fatos sorrindo, cantando, ou chorando: mas sobre o que aprendi com o futebol e alguns dos seus ídolos, somente a minha paixão sabe a exata verdade.

Afirmo que fui gentilmente atendido por todos e que Neto não era mascarado. Era autêntico e craque de bola!. Isso, mesmo, fui atendido por todos!. Mas, Fabinho, ponta direita, o último a sair do banho, a chacoalhar o cabelo, gritou de lá: espera! Já vou aí! Desculpa! E veio: toalha branca enrolada na cintura, as mãos ainda meio úmidas. Secou-as de vez, autografou o manto sagrado, estendido sobre a mesa, depois me abraçou e tirou quantas fotos eu quis. Foi vestir-se, mas não antes de repetir: Me desculpa pela demora, tá! Saímos todos, lado a lado, Seu Vicente Matheus, de pé no meio do jardim, dava mais uma entrevista, Neto acenou para o jornalista, coçou a cabeça e passou, com Ronaldo logo atrás, que antes de entrar no carro me perguntou: Tá tudo certo? Respondi que sim. Claro!. Tupãzinho passou por mim e me deu um tapinha nas costas, Marcio foi atender o chamado de um outro jornalista. Não ouvi sequer um palavrão, não vi um choro, não vi uma só reclamação. Apenas vi se dissiparem, após dizerem uns para os outros: até amanhã! E cada qual tomou seu rumo.

Bem gente, hoje sou cinquentão e este testemunho só não é mais substancial porque fui assaltado de volta pra casa e levaram-me todo o material. Não tenho as fotos. Mas o fato está na memória e o concretizo neste verídico texto.

Hoje, somos bicampeões do mundo, já não temos mais velhos chuveiros e mesas, pelo contrário, uma arena com o que há de mais moderno em instalações e um museu com momentos históricos desses craques e de outros que por lá passaram e teremos dos que ainda chegarão. Ficou difícil contato assim com os atletas.

Obrigado por tudo, Corinthians. Obrigado, campeões. 25 anos!

FELIZ NATAL E PRÓSPERO ANO NOVO! A começar pelos que já estão com Deus.